O mercado do trigo brasileiro está operando sem norte nesses últimos dias. Mesmo com a alta na cotação que só aumenta mais a cada dia, chegando a valer o dobro dos preços praticados no ano passado, alguns produtores estão entregando a matéria-prima a um valor bem inferior por conta dos contratos fechados no início da safra. O trigo que ainda resta para ser negociado já se encontra com oferta limitada e, por este motivo, os vendedores procuram valorizar ainda mais o cereal. Com o dólar batendo a R$ 5,80 a situação pode piorar ainda mais
Na manhã de quarta-feira (28), o dólar atingiu a cotação de 5,789 no câmbio brasileiro, por conta de diversos fatores que estão impactando a economia local e mundial. O cenário só mostra que a pandemia da covid-19 continua influenciando no mercado financeiro, que por consequência atua também na precificação das commodities.
Por conta disso, o trigo vem apresentando consecutivos aumentos no Brasil e no mundo, balizado também pelo enfrentamento da seca nos principais players exportadores. Isso provoca elevação na paridade de importação, dando ao produtor brasileiro mais chance de lucrar com o trigo que está sendo colhido na atual safra do país.
O maior problema de toda essa movimentação, é que o mercado interno está de certa forma desorientado, uma vez que os compradores de trigo aproveitavam o período da colheita para reporem seus estoques a um custo mais baixo, mas neste momento, o preço do trigo está chegando a valer o dobro do que o praticado a um ano atras.
No Rio Grande do Sul, a baixa produtividade de trigo refletiu no forte aumento dos indicadores na semana passada. Porém, alguns produtores que já haviam fechado contratos para entrega futura com valor mais baixo no começo da safra, não irão ter muito benefício com os novos ajustes. Já os demais vendedores que ainda estão com seus acervos disponíveis, estão ofertando pedida de até R$ 1.420,00/ton no estado gaúcho. Porém, há relatos que o cereal já se encontra com oferta limitada no interior.
No Paraná, a cotação se encontra ainda mais elevada, com preços operando entre R$ 1.450,00 a R$ 1.500,00/ton na pedida (FOB). Esse aumento representa praticamente 100% de valorização de um ano para o outro em igual período.
Mesmo com a área colhida de trigo paranaense atingindo 90% das áreas até a última segunda (26), não indício nenhum de que o preço deverá recuar pelos próximos dias.
Muito pelo contrário, com a alta do dólar, nova onda de contágio da covid-19 nos EUA e Europa se intensificando e, economia mundial dando sinais de recuo novamente, o preço do trigo só tende a alavancar ainda mais no começo do próximo ano.
Fonte: AFNews
