Onda de frio e clima seco que vem atuando sobre as áreas de trigo dos Estados Unidos e Europa acabaram impactando na perda de qualidade das lavouras, o que pode resultar em menor rendimento da safra 2021/22
Trigo Brasil
A cotação do trigo no Brasil finalizou a semana novamente registrando ganhos que variaram entre 0,57% a 1,79% nos estados acompanhados comparado com a semana passada, em virtude dos produtores ainda estarem restringindo a oferta do cereal.
Segundo os moinhos de trigo, as pedidas por parte dos vendedores estão cada vez maiores, já que pelo fato do produtor se encontrar capitalizado no momento, mantém baixo interesse em vender, portanto, só aceita acordos se o preço ofertado é aceito pela parte compradora.
Sendo assim, o mercado continua travado, com os moinhos relatando apenas aquisições pontuais neste período que o trigo se encontra em altos patamares.
Com os negócios ainda lentos tanto na comercialização da matéria-prima, como nas vendas de farinha, o foco do mercado atualmente tem sido no avanço do plantio do trigo safra 2021 no Brasil, que já teve início no Paraná.
De acordo com o Deral, em boletim divulgado na terça (13), até a última segunda-feira, o plantio do trigo paranaense ainda não havia saído de 1% das áreas. Somente as regiões de Cascavel e Cornélio Procópio é que deram o pontapé inicial na semeadura do trigo, que totaliza 456 hectares diante dos 1,142 milhão de hectares que esperam para serem cultivados nesta próxima safra.
No decorrer da semana o mercado doméstico não apresentou grandes destaques, especialmente porque no momento os moinhos encontram-se atuando com cautela perante o enfraquecimento das vendas no setor dos derivados de trigo.
O produtor por sua vez, já está concentrado no preparo do solo para o plantio do trigo e quem já começou a plantar, agora se prepara também para a realização dos tratos culturais.
O dólar finaliza a semana com queda de 1,6% cotado na faixa de R$ 5,58. Mas em virtude da alta nos preços do mercado externo, não há expectativas de que o trigo nacional possa sinalizar recuo nos próximos dias.
Trigo Argentina
Após semanas consecutivas de desvalorização, finalmente o preço do trigo da Argentina apresentou reação. A semana que se encerra, registra uma alta entre 0,41% a 2,41% nos contratos futuros do trigo negociados na Bolsa de Cereales com período de entrega entre abr/21 a nov/21, com exceção apenas das entregas de julho/21 que marcaram desvalorização de 1,55% em uma semana.
A Bolsa de Rosário e a MATBA também fecham a semana com ganhos, que foram fundamentados devido aos fatores de alta que estão atuando sobre os preços do trigo na Bolsa de Chicago.
Desde o começo do ano os produtores de trigo da Argentina viram as cotações do cereal despencarem, pressionadas principalmente por novas políticas agrícolas adotadas pelo Governo, sob a justificativa de manter a segurança alimentar do país e manter a produção nacional com uma oferta equilibrada para consumo doméstico.
No entanto, com a crise da pandemia da Covid-19, o setor da indústria de trigo do país vizinho, não tem demandado grande quantidade de matéria-prima para moagem, pois a demanda da farinha se encontra em seus menores patamares dos últimos anos. Com isso, os preços estavam sofrendo forte pressão e as vendas, vinham registrando seus menores níveis desde a safra 2014/15.
Porém, com as preocupações com a oferta mundial de trigo que está incerta no momento atual devido a uma onda de frio que está atuando sobre os Estados Unidos e Europa, principalmente nas áreas agrícolas da França, maior produtor de trigo da UE, os preços do trigo da Argentina tiveram impulsos de valorização durante a semana, já que o país é um dos maiores exportadores mundiais do cereal.
Segundo a Bolsa de Rosário, nos últimos dias o mercado sinalizou grande interesse em fazer negócios para o trigo argentino, com destaque para os aumentos nos valores ofertados não apenas para o cereal da safra velha, como o grão que será cultivado para a próxima campanha.
Trigo Mercado Externo
As preocupações com o clima frio e seco nas lavouras de trigo dos EUA e Europa aumentaram significativamente os índices dos contratos futuros da Bolsa de Chicago, que finalizaram a semana com alta de 3,19% a 3,88% nas entregas de mai/21 a mar/22 do trigo hard e com valorização de 2,15% a 2,62% nos mesmos prazos de entrega para o trigo soft.
No começo da semana, USDA atualizou seus dados sobre o progresso das lavouras de trigo dos EUA, informando que até o dia 11 de abril o plantio de trigo de inverno havia atingido somente 5% das áreas, ficando 1% atrás do ritmo de semeadura em igual período do ano passado e 2% a menos que a média das últimas cinco safras.
Antes do novo relatório de progresso, os analistas acreditavam que a agência pudesse mostrar uma área semeada de 8% das áreas, contra 3% registrado na semana passada. No entanto, os dados apresentados pelo Departamento ficaram 3% abaixo do esperado.
Por outro lado, as condições das lavouras ficaram dentro do projetado pelos analistas totalizando 53% de áreas boas a excelentes, 30% regulares e 17% em situação ruim ou muito ruim.
Ainda na segunda (12), o USDA atualizou seus dados sobre as inspeções de exportação de trigo, registrando um declínio nos resultados das vistorias da semana passada em 27,86% totalizando 458,43 mil toneladas. Embora o volume tenha recuado em uma semana, os dados ficaram ligeiramente acima das estimativas de comércio, que variaram entre 300 a 550 mil tons. Os totais acumulados para o ano comercial de 2020/21 caíram ligeiramente abaixo do ritmo do ano passado, com 21,404 milhões de tons.
As exportações de trigo mole da União Europeia para o ano comercial de 2020/21 atingiram 20,81 milhões de toneladas até 11 de abril, ficando atrás do ritmo do ano passado em 24,5% até agora. As exportações de cevada da UE neste ano de comercialização estão ligeiramente acima do ritmo do ano passado, com 7,63 milhões de tons.
No decorrer da semana, preocupações adicionais sobre a produção de trigo mundial da safra 2021/22 foram sinalizadas, já que além das geadas que estão causando sérios danos a produção de trigo da França, maior produtor de trigo da União Europeia, o clima seco também está impactando nas condições de lavouras dos EUA e Europa.
Com isso, na quarta-feira os índices futuros subiram mais de 4% na Bolsa de Chicago, porque à seca que está acometendo as lavouras, diminui o potencial de rendimento do trigo, que está emergindo da dormência. Prevê-se um período de seca na Europa nas próximas semanas, enquanto as condições de solo seco nas Planícies do Norte dos EUA continuam a limitando o potencial de rendimento global.
Ontem (15), o USDA atualizou seus dados das vendas líquidas semanais dos EUA, informando que entre os dias 02 a 08 de abril, o país comercializou 56,6 mil tons de trigo da safra 2020/21 e 274,4 mil tons da safra 2021/22, totalizando 217,8 mil toneladas de trigo. O volume em 2020/21 ficou bem abaixo das expectativas, que oscilavam entre 50 e 200 mil t, e em 2021/22, entre 300 e 550 mil t.
Já as exportações de trigo ficaram em 467,1 mil toneladas com queda de 26% em relação a semana anterior e 16% menores que a média de quatro semanas. Os principais destinos foram: Filipinas (108,2 mil tons), México (76,1 mil tons) e China (68,0 mil tons).
Para finalizar a semana, nesta sexta-feira (16) – a consultoria FranceAgriMer, da França, deu uma atualização sobre as condições do trigo no inverno que está passando por uma forte onda de frio. Para a semana encerrada em 12 de abril, 86% da safra de trigo soft ficou em condições boas a excelentes, com uma queda de apenas 1% em relação à semana anterior, apesar dos recentes danos causados pela geada.
As temperaturas noturnas na França estiveram insistentemente abaixo de zero semana passada e o clima frio e seco deve permanecer na região pelas próximas semanas. É provável que toda a extensão dos danos às plantações só seja percebida após várias semanas.
Na Alemanha, a produção de trigo em 2021 deve aumentar 2,2% em relação ao ano anterior, para 22,63 milhões de toneladas, de acordo com a associação de cooperativas agrícolas do país.
Fonte: AF News
