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Trigo Balanço Semanal: dólar em alta alavanca os preços do trigo doméstico e aumenta paridade de importação



A cotação do dólar encerra a semana em patamares próximos a R$ 5,40 no Brasil, tendo atingido a máxima da semana durante a quinta (19), quando registrou R$ 5,45 no câmbio. A valorização da moeda americana, atrelada as incertezas da safra brasileira, que já sofre impactos pelas geadas e seca, somada a valorização do trigo do mercado externo e cortes na produção global, resultaram um aumento expressivo nos preços do cereal brasileiro e principalmente, aumentaram a paridade de importação, que em uma semana, chegou a subir 12% a depender do país exportado

Trigo Brasil

cotação do trigo saca de 60 kg FOB paga ao produtor encerra a semana com valorização entre 0,41% a 1,29% na região Sul do Brasil. No Paraná, os preços ficaram em R$ 90,15/saca, em Santa Catarina cotação de R$ 85,68/saca e no Rio Grande do Sul, valendo R$ 81,87/saca.

No mercado de lotes disponível, os preços ficaram na faixa de R$ 1600/1650 por tonelada FOB no Paraná e na média de R$ 1530/ton no Rio Grande do Sul. Algumas poucas ofertas para o trigo da nova safra começaram a surgir no RS, sendo entregue a R$ 1350 no porto para o mês de outubro/21.

Como observado, o trigo demonstrou avanços em todas as regiões acompanhadas pela AF News e este fato se deve a diversos fatores de viés altista. A começar pelas perdas por geadas e secas que as lavouras brasileiras já estão sinalizando, em especial no Paraná. Embora a safra ainda esteja sendo estimada para atingir volume recorde, o clima ainda pode interferir muito na cultura, como já fora percebido em anos anteriores.

Além disso, o dólar encerra com valorização de 2,66% na semana, passando de R$ 5,245 no dia 13/08 para R$ 5,385 nesta sexta (20), tendo registrado a máxima da semana na quinta, quando marcou R$ 5,45 no decorrer do dia. Na variação mensal, a alta é de 2,94%.

Para elevar ainda mais os preços, com o novo corte na produção global de trigo safra 2021/22 pelo USDA na semana passada, levados principalmente por reduções severas na produção de trigo da Rússia, Canadá, França e Estados Unidos, os preços da commoditie tiveram fortes aumentos nos últimos dias no exterior. O trigo russo com saída pelo Mar Negro com entrega para set/21, saiu de R$ 253/ton no dia 13 de agosto, para atuais R$ 285/ton nesta sexta (20).

Diante de tudo isso, as estimativas da paridade de importação do trigo com chegada aos terminais portuários de Santos-SP, subiram entre 0,71% a 12,16% na variação semanal. Observando o preço registrado há quatro semanas atrás, os aumentos ficaram entre 3,36% a   18,93% conforme apresenta o quatro abaixo.

É necessário observar todos os lados da cadeia produtiva do trigo brasileiro, para notar que o setor em geral está sofrendo diversos impactos pela alta dos preços da matéria-prima.

Do lado do produtor, a valorização do dólar elevou expressivamente o custo de produção da safra e para complementar, os riscos agroclimáticos são fatores impossíveis de serem previstos ou contornados e que muitas vezes acarretam perdas no decorrer do percurso.

Mesmo com o Brasil aguardando uma safra recorde estimada pela Conab em quase 8,6 milhões de toneladas no mês de agosto, a necessidade de importação de trigo continua, em pelo menos 5 ou 6 milhões de toneladas. Sendo assim, os moinhos precisam ter uma boa programação de compra, para que não comprem trigo em excesso e nem a custos muito elevados, o que está completamente difícil de se prever diante da grande volatilidade da moeda americana e preços praticados no trigo no exterior.

Com a baixa demanda de farinha de trigo, os moinhos estão cada vez mais pagando caro na matéria-prima e passando por dificuldades seríssimas para repassar esse aumento no custo de produção aos compradores, que infelizmente, não entendem que essa necessidade de aumento vem sendo somente para cobrir as despesas que aumentaram, pois nem se quisessem, os moinhos neste momento, conseguiriam acompanhar a mesma proporção de aumentos que o trigo teve, já que com a crise da pandemia do coronavírus o poder de compra do brasileiro caiu, reduzindo o consumo de determinados produtos do setor.

Voltando a questão do andamento da safra, nesta semana o Deral informou uma nova queda nas qualificações do trigo do Paraná, após alguns especialistas realizarem novas avaliações a campo. No boletim, o Departamento mencionou que 19% das áreas do trigo paranaense estão em fase de frutificação, 47% seguem em floração e 34% ainda estão em desenvolvimento vegetativo.

Na mesma publicação, o Deral rebaixou ainda mais as qualificações de trigo do estado, passando para 12% as áreas ruins. Outros 27% seguem em situação regular e 61% ainda permanecem em boas ou excelentes condições.

Essa piora nas condições das plantas, pode impactar seriamente na qualidade dos grãos de trigo, o que por consequência, deverá acarretar numa menor oferta de trigo panificável.

Trigo Argentina

Na Argentina, a cotação do trigo encerra a semana com valorizações tanto no mercado físico, como nos contratos futuros. O preço do trigo doméstico saltou de US$ 283/ton na sexta (13) para atuais US$ 290/ton, uma alta de 2,47%.

Nos contratos futuros negociados na Bolsa de Cereales, as cotações de ago/21 a mar/22 subiram 0,72% a 5,86%. Os contratos com entrega em dez/21 ficaram em US$ 267/ton.

Essa valorização foi motivada principalmente pela perda de qualidade das lavouras de trigo da Argentina, que estão passando por um período crítico de falta de chuvas. Com isso, não só as condições de lavouras entre boas a excelentes tiveram redução, como também as áreas que estavam em situação adequada de umidade.

De acordo com o boletim semanal de progresso de safra da Bolsa de Cereais de Buenos Aires (BCBA), após uma semana sem chuva, 43,5% dos 6,5 milhões de hectares estimados para a semeadura apresentaram uma condição hídrica entre regular e seca.

Boa parte dessa área afetada pelo déficit hídrico se distribui entre as regiões NOA, NEA e Centro-Norte de Córdoba, onde os estágios mais avançados passam pelos estágios reprodutivos. Ao mesmo tempo, o cenário foi agravado pelas altas temperaturas registradas nos dias anteriores, aumentando a demanda de água.

Paralelamente, em direção ao centro da zona agrícola prevalece um bom estado de cultivo a excelente, enquanto a Sul começam a registar-se indícios de falta de humidade. Nas regiões norte e noroeste da área agrícola nacional, o potencial da cultura começa a ficar comprometido em lavouras que passam de estágios críticos a partir da colheita.

Atualmente, foram registrados lotes com plantas pequenas, com acentuado estresse hídrico e focos de pragas típicas da seca, como ácaros e pulgões. As altas temperaturas desta última semana não só aumentaram a demanda de água da lavoura, agravando seu estado, mas também aumentaram a evaporação do solo nas áreas onde as plantas não conseguiram cobrir completamente o solo. Por outro lado, nos Núcleos Norte e Sul e Centro-Leste de Entre Ríos prevalece uma condição de cultivo favorável. Nessas regiões, depois das chuvas da semana passada, foram incorporados fertilizantes.

Por fim, no sul da área agrícola existem setores com deficiências hídricas que comprometem o crescimento e o desenvolvimento dos quadros implantados em data precoce.

Com relação as qualificações, 24,3% das áreas de trigo da Argentina apresentaram estado Ruim/Regular, 7,9% a mais do que o levantado na semana anterior. Essa diminuição do estado da cultura é explicada pela perda da condição hídrica, fator que nos últimos dias foi acelerado pelas altas temperaturas registradas. A condição Regular/Seca foi avaliada em 43,5% da superfície com trigo, quando na semana anterior 38,2% da área apresentava esta condição. As áreas mais afetadas são o NEA, o NOA e o centro-norte de Córdoba, onde também foram registradas insolações e fotos em estágios reprodutivos avançados.

Trigo Mercado Externo

Após um forte aumento nos preços na última quinta e sexta-feira (dias 12 e 13), os contratos futuros do trigo norte-americano começaram a semana com variações mistas, devido algumas rodadas de vendas técnicas para realização de lucros e também, em função de uma leve redução nas vistoriais semanais do trigo para exportação.

De acordo com o USDA, as inspeções de exportação de trigo ficaram moderadamente atrás da contagem da semana anterior, mas ainda assim chegaram a 440,5 mil toneladas. Os dados também ficaram próximo das suposições de comércio, que variaram entre 300 e 630 mil tons. O Japão foi o destino número 1, comprando 110 mil tons. Os totais acumulados para a campanha de comercialização de 2021/22 ainda estão moderadamente atrás do ritmo do ano passado, com 4,885 milhões de tons desde o início de julho.

Ainda na segunda-feira, ao final da tarde o Departamento de Agricultura dos EUA lançou seu mais recente relatório semanal de progresso da safra, mencionando que as classificações de qualidade do trigo de primavera permaneceram muito ruins, com apenas 11% dos campos classificados em condições boas a excelentes. Outros 26% foram classificados como regulares (dois pontos abaixo da semana passada) e os 63% restantes foram caracterizados como ruins ou muito ruins (dois pontos acima da semana anterior). A colheita está progredindo mais rapidamente do que nos últimos anos, com 58% de progresso até o domingo (15). A média dos últimos cinco anos é de 36%.

A colheita está visualmente completa em Minnesota (92%). Em Dakota do Sul (80%) não muito atrás, já que as condições de seca favorecem as atividades de colheita. O maior produtor de trigo da primavera, Dakota do Norte, relatou taxas de colheita de 48% completas – 20% mais altas do que a referência de cinco anos para o mesmo período de relatório.

Ainda durante a semana o mercado do trigo notou que os preços do trigo russo ficaram muito mais altos, depois que o USDA fez cortes severos nas estimativas de produção do país em seu relatório WASDE de 12 de agosto. Nesse relatório, o USDA reduziu o potencial de produção de trigo russo em quase 15%, para 72,5 milhões de toneladas.

Enquanto isso, a consultoria russa Sovecon reduziu ligeiramente suas próprias estimativas para a produção de trigo, que ainda está moderadamente acima da previsão do USDA, de 75,6 milhões de toneladas. O clima quente e seco tem sido um desafio para os produtores de trigo russos nas últimas semanas.

Na União Europeia, as exportações de trigo para a campanha de comercialização de 2021/22 alcançaram 2,33 milhões de toneladas até 15 de agosto, representando 5% acima do ritmo do ano passado até agora. As exportações de cevada da UE são moderadamente maiores ano a ano, em 2,1 milhões de tons.

Segundo o escritório agrícola FranceAgriMer, a colheita de trigo da França safra 2021 chegou a 91% até 16 de agosto, contra 72% da semana passada.

A associação de cooperativas agrícolas da Alemanha agora estima que o potencial de produção de trigo do país em 2021 caiu 1,8% em relação ao mês passado, 22,4 milhões de tons. Isso ainda corresponderia uma melhora de 1,3% em relação ao ano passado, se realizado. A Alemanha é o segundo maior produtor de trigo da Europa.

A safra de trigo de 2021 da Ucrânia está visualmente concluída em 97,6%, de acordo com uma declaração do ministério da agricultura do país. O rendimento médio nesta temporada atingiu 1,87 ton por acre. A produção total de grãos da Ucrânia deve aumentar 17% em relação ao ano anterior.

Já nos EUA, nesta quinta-feira (19) o USDA divulgou novos dados sobre as vendas líquidas e exportações de trigo, relatando que entre os dias 06 a 12 de agosto  a comercialização do cereal ficou em 306.700 toneladas para 2021/2022 aumentando 5% em relação à semana anterior, mas caindo 23% comparado à média de 4 semanas anteriores.

As exportações de trigo dos EUA ficaram em 591.800 tons com queda de 6% em relação à semana anterior, mas aumento de 29% ante à média de 4 semanas anteriores.  Os destinos foram principalmente para o Japão (124.800 t), Filipenses (122.200 t), Nigéria (79.200 t), China (69.500 t) e México (46.900 t).

Nesta sexta (20), desvalorizações nos preços futuros do milho pressionaram as cotações do trigo em Chicago, que ainda registraram uma rodada de vendas técnicas, fazendo os indicadores recuarem na semana. As perdas para o trigo hard ficaram entre 2,96% a 5,42% na variação semanal das entregas de set/21 a jul/22, enquanto que o trigo soft sofreu depreciações de 3,58% a 6,30% para o mesmo período.

Fonte: AF News

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