O setor dos derivados de trigo continua relatando problemas nos negócios para a venda de farinhas, devido a baixa demanda por parte dos compradores, assim como, pela dificuldade no repasse de preços. Enquanto isso, a matéria-prima continua subindo, tornando os custos cada vez mais altos e as margens mais enxutas. Entrevistados que compartilharam seu ponto de vista à AF News nesta semana, demonstram bastante preocupação com o cenário
A cotação da farinha segue mantendo estabilidade por mais uma semana, com os moinhos apresentando grandes dificuldades para a realização de aumentos nas tabelas de preços. Mesmo com o trigo subindo expressivamente nas últimas semanas, esta tendência de alta só é observada na matéria-prima, tornando os custos para a produção de farinha ainda mais elevado.
De acordo com alguns entrevistados, uma movimentação maior de compradores até esta sendo notada nesta reta final de agosto, assim como ocorre em todos os finais de meses, onde os compradores fazem cotações de pedidos para o mês seguinte, mas isso é mais um manobra especulativa, do que propriamente a aquisição dos produtos a base de trigo.
Além disso, mesmo os compradores com intenção real de compra, não estão aceitando os preços praticados e por conta disso os moinhos estão relatando um cenário ainda pior, com os custos cada vez mais altos e o mercado exigindo pela baixa de preços. Este impasse acaba deixando a comercialização de farinha de trigo ainda mais travada.
Alguns moinhos chegaram a atualizar as tabelas de preços para repassarem aos compradores a partir de setembro, mas de acordo com os relatos, a equipe de vendas já deu retorno negativo quanto a aceitação desses novos aumentos.
Sendo assim, para a maioria dos vendedores, há grandes chances deste cenário de lentidão nos negócios permanecerem assim até o começo da safra, onde será possível observar um comportamento mais concreto dos compradores, que neste momento, só estão realizando aquisições pontuais.
Enquanto isso, as vendas de farinha têm ocorrido a conta gotas para grande parte dos moinhos de médio e pequeno porte, e embora os grandes players da cadeia produtiva do trigo ofereçam em algumas situações, oportunidades melhores de compra, ainda não estão ilesos da crise econômica da pandemia, que diminuiu expressivamente o poder de compra do consumidor.
A luz no fim do túnel para alguns, está sendo os bons patamares alcançados na venda de farelo de trigo, onde algumas regiões já atingem valores acima do que a própria matéria-prima. Isso tem compensando em partes os prejuízos no segmento das farinhas, mas não exime do setor criar novas estratégias de negócios para colocar fim a esta situação delicada.
FUNDAMENTOS DE FORMAÇÃO DE PREÇOS
– Dólar com alta na semana de 16 a 23/08 fechando com +1,91% passando de R$ 5,2807/US$ para R$ 5,382/US$.
– Farelo de Trigo: com oferta restrita no milho, procura por farelo continua alta.
– No mercado de lotes, o trigo do Estado do Paraná teve leve alta nos preços, com negócios entre R$ 1600 a 1650/ton FOB. No Rio Grande do Sul, preços na média de R$ 1540/ton FOB.
– Preço de importação do trigo argentino 12,0% de proteína safra atual (ago/21) cotado em alta com variação de 3,62% na semana, agora a R$ 1.752/ton posto em Santos-SP (trigo + frete marítimo + descarga + seguro) considerando o dólar médio da semana em R$ 5,33. Na referência do trigo americano (hard) embarque em ago/21 em alta, cotado na média de R$ 2.226/ton (+1,93% na semana).
– Na quarta-feira (17) a Agência Marítima NABSA divulgou o Line Up de exportação de trigo dos próximos dias. Entre os dias 20 a 30 de agosto, está programado o envio de 328,26 mil toneladas de trigo para o exterior. Destas 199,7 mil tons tem destino ao Brasil com queda de 22,78% em uma semana. O volume destinado vai para OMHSA (30,0 mil tons), COFCO e ACA (30,0 mil tons) e Adm Agro (29,7 mil tons) e Bunge (25,0 mil tons).
Fonte: AF News