Quanto às exportações, os EUA atingiram a 373.800 toneladas na semana encerrada em 20/05, ficando dentro do esperado pelo mercado
As cotações do trigo em Chicago, após se aproximarem novamente dos US$ 7,00/bushel durante a semana, recuaram e fecharam a quinta-feira (03), para o primeiro mês cotado, em US$ 6,76, ficando no mesmo valor de uma semana antes. A média de maio fechou em US$ 7,10/bushel, com aumento de 6,4% sobre abril. Lembrando que um ano antes, a média de maio 2020 havia sido de US$ 5,15/bushel.
Ou seja, em 12 meses o bushel do trigo se valorizou em 37,9% em Chicago. Dito isso, as condições do trigo de inverno nos EUA, no dia 30/05, estavam em 48% entre boas a excelentes, 33% regulares e 19% entre ruins a muito ruins. Já o trigo de primavera estava semeado em 97% da área esperada, contra a média histórica, para esta data, de 93%. Do total semeado, 80% estava germinado, contra a média histórica de 73%, enquanto as condições das lavouras semeadas apresentavam 43% entre boas a excelentes, 37% regulares e 20% entre ruins a muito ruins.
Quanto às exportações, os EUA atingiram a 373.800 toneladas na semana encerrada em 20/05, ficando dentro do esperado pelo mercado. Já as exportações para o ano comercial 2020/21 ficaram em 29.500 toneladas, representando um recuo de 58% em relação a média das quatro semanas anteriores. Somando as duas safras o volume chegou a 403.300 toneladas na semana, ficando acima do esperado pelo mercado. No Brasil, os preços do trigo se estabilizaram, com viés de baixa. A média gaúcha no balcão fechou a semana em R$ 83,71/saco, enquanto no Paraná o produto girou ao redor de R$ 82,00/saco.
O ritmo dos negócios neste mercado continua lento no país e o viés de baixa se acentua neste momento, na medida em que o plantio avança no sul, com claro aumento de área. Além disso, os moinhos estão abastecidos e a demanda por farinhas está fraca. Apenas o farelo de trigo para ração se mostra melhor, diante dos altospreços do milho. Mesmo assim, o trigo disponível hoje no país não seria suficiente até o início da nova colheita do cereal, em setembro no Paraná. Todavia, a revalorização importante do Real nestas últimas duas semanas torna mais barata a importação de trigo, especialmente da Argentina e Paraguai. Esta realidade cambial igualmente pressiona para baixo os preços do trigo nacional.
Quanto ao plantio, enquanto o Rio Grande do Sul chega ao redor de 10% da área esperada, o Paraná já atinge 71% da área projetada, sendo que as lavouras locais estão boas em sua maioria. O Paraná espera colher 3,8 milhões de toneladas de trigo, com alta de 22% sobre o ano anterior. Outro produto de inverno que vem apresentando boas condições de mercado neste ano é a cevada. Espera-se uma área total semeada, na Região Sul do país, em torno de 118.000 hectares e uma produção entre 400 e 500.000 toneladas Segundo a Embrapa Trigo, o Rio Grande do Sul deve aumentar em 36% a área de cevada cervejeira neste ano, com o preço do produto variando entre 120% a 135% do preço do trigo pão (PH 78). O preço será ainda 1% superior para cada ponto percentual acima de 85% de grãos da classe 1, podendo chegar a 150% do preço do trigo.
No Brasil, um dos maiores mercados mundiais de cerveja, o cultivo da cevada sempre esteve voltado à produção da variedade cervejeira, cuja produção atende apenas 30% da demanda da indústria instalada no país. Quando o produto não atinge o padrão de qualidade exigido para a malteação, acaba sendo destinado à indústria de ração animal que, historicamente, absorve cerca de 30% da cevada brasileira. Neste sentido, segundo a Embrapa Suínos e Aves, os níveis ótimos para inclusão da cevada na ração de suínos ficam entre 20% e 25% a partir da fase de crescimento. No caso dos frangos de corte e poedeiras recomenda-se níveis de até 20% de cevada na ração a partir da fase inicial. Outro cenário que começou a ser configurado pela pesquisa é o uso de cevada forrageira, direcionada à alimentação de ruminantes. Para atender a indústria cervejeira, os grãos de cevada precisam de teor de proteína entre 9 e 12%, ao passo que para a alimentação animal quanto maior o teor de proteína melhor. As diferenças também estão relacionadas ao volume de massa verde e à uniformidade das espigas, que variam conforme o mercado a ser atingido. Com elevado valor nutritivo, a silagem de cevada permite uma boa conversão alimentar. Em vacas leiteiras, a Embrapa Trigo constatou que com um quilo de matéria seca de silagem de cevada, é possível produzir 1,2 quilo de leite. (cf. Embrapa Trigo e Embrapa Suínos e Aves)
Enfim, voltando ao trigo, os preços do cereal teriam subido três vezes mais do que os das farinhas nos últimos 12 meses. Com isso, o trigo doméstico subiu em média 33,8% nos últimos 12 meses, contra 11,6% para a farinha comum, 12% para a farinha inteira e 10,7% para a farinha especial. Já o trigo pão subiu 24,8% enquanto as farinhas de panificação subiram 10,9%. Isso significa dizer que o reajuste das farinhas estaria cerca de 20 pontos percentuais defasado em relação à matéria-prima. Assim, provavelmente logo mais os consumidores finais brasileiros terão aumentos nas farinhas e outros derivados de trigo.
Fonte: CEEMA / UNIJUI