Após as geadas no encerramento de julho, agora, é a falta de chuva e o clima quente que preocupam agentes do setor de trigo. Com exceção de parte do Rio Grande do Sul, o clima está bastante seco neste momento em que muitas lavouras estão nas fases de desenvolvimento e de floração.
Esse cenário atrelado à elevação da paridade de importação e à boa demanda, especialmente por parte do setor de ração animal, mantêm em alta os preços domésticos do trigo.
No Paraná, dados da Seab/Deral indicam que, até o dia 16 de agosto, 61% das lavouras de trigo estavam em boas condições, 27%, em médias e 12%, em ruins, piora em comparação à semana anterior. Do total, 47% estão em floração, 34%, em desenvolvimento vegetativo e 19%, em frutificação.
No Rio Grande do Sul, informações da Emater mostram que 89% das lavouras estavam em germinação/ desenvolvimento vegetativo, 10%, em floração e 1% estava em enchimento de grãos. As chuvas que ocorreram
especialmente na parte sul do estado, mesmo que em baixa intensidade, tendem a favorecer o desenvolvimento das lavouras.
Em Santa Catarina, segundo dados da Epagri/Cepa, a semeadura do cereal no estado foi finalizada em julho. As lavouras estão em desenvolvimento vegetativo e apresentam boas condições, mas agentes estão preocupados com o baixo volume de chuvas até o momento.
Na Argentina, principal origem do trigo importado, informações divulgadas pela Bolsa de Cereales apontam que, até 19 de agosto, houve certa piora nas condições das lavouras, devido ao déficit hídrico. Até a semana passada, 39% das lavouras estavam em condições normais, 37%, em excelentes e 24%, em situação ruim.
Nos Estados Unidos, o USDA indicou que a colheita do trigo de inverno foi finalizada. Para o trigo de primavera, até 15 de agosto, as condições das lavouras seguem piorando, com 63% entre ruins e muito ruins, 26% em médias e apenas 11% da área entre condições boas e excelentes. Além disso, a colheita atingiu 58%, acima da média de 36% dos últimos cinco anos.
MERCADO INTERNO – De 13 a 20 de agosto, no mercado de balcão (ao produtor), o preço do trigo em grão subiu 1,61% no Paraná e 0,92% no Rio Grande do Sul, com estabilidade em Santa Catarina. No mercado de lotes (negociações entre empresas), os valores avançaram 4,2% em São Paulo, 1,41% em Santa Catarina, 0,78% no Paraná e 0,61% no Rio Grande do Sul.
No caso dos derivados, quando comparadas as médias da semana passada (de 13 a 20 de agosto) com as do período anterior, foram verificadas valorizações de 0,80% para o farelo ensacado e de 0,31% para o a granel.
No mesmo período, as cotações da maioria das farinhas ficaram praticamente estáveis – no caso das farinhas para bolacha salgada, farinha integral e massas frescas, os preços avançaram 0,23%, 0,14% e 0,13%, nessa ordem.
IMPORTAÇÕES – Segundo a Secex, até a segunda semana de agosto, as importações de trigo tiveram média diária de 29,13 mil toneladas, contra 28,34 mil toneladas no mesmo mês de 2020, elevação de 2,79%.
Os preços de importação registram média de US$ 281,0/t FOB origem, 25,2% acima dos verificados no mesmo período de 2020 (US$ 224,5/t).
Tomando-se como base dados da Conab, de 9 a 13 de agosto, a paridade de importação do trigo com origem na Argentina estava em US$ 305,35/tonelada para o produto posto no Paraná. Considerando-se o dólar médio do período, de R$ 5,236, o cereal importado era negociado a R$ 1.598,83/t, ao passo que o trigo brasileiro, no Paraná, teve média maior, de R$ 1.635,32/t, de acordo com dados do Cepea. No Rio Grande do Sul, a paridade do produto argentino seria de US$ 286,21/t, o equivalente a R$ 1.498,60/t em moeda nacional, contra R$ 1.529,92/t na média do
estado coletada pelo Cepea.
PREÇOS EXTERNOS – De 13 a 20 de agosto, as cotações FOB no porto de Buenos Aires subiram 1,4%, a US$ 290,00/tonelada na sextafeira, 20, conforme aponta o Ministério da Agroindústria da Argentina.
Nos Estados Unidos, o contrato Setembro/21 do Soft Red Winter da Bolsa de Chicago (CME Group) caiu 6,3% entre 13 e 20 de agosto, a US$ 7,1425/bushel (US$ 262,44/t) no dia 20. Na Bolsa de Kansas, o mesmo vencimento do trigo Hard Winter recuou 5,4%, a US$ 7,0200/bushel (US$ 257,94/t). A queda foi influenciada pela desvalorização do milho, substituto em ração animal, e por preocupações com uma possível desaceleração econômica.


Fonte: Cepea / Esalq