Farelo de Trigo – Balanço Anual 2020: Gradualmente o derivado conquistou índices históricos – SINDITRIGO
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Farelo de Trigo – Balanço Anual 2020: Gradualmente o derivado conquistou índices históricos



Em meio a tantas dificuldades de um ano sem precedentes, o setor do farelo de trigo chegou ao final de 2020 mais fortalecido, e com preços em elevados patamares. Vários foram os fatores que ampararam essa valorização e, a esperança é de permanência em índices firmes no próximo ano

O ano já iniciou com preocupações quanto ao abastecimento da matéria-prima. A safra de trigo 2019 contabilizou perdas significativas na produção, e os estoques requeriam programação das moageiras para evitar o máximo de tempo sem a necessidade de importar trigo. O dólar no primeiro trimestre já atingia a média de R$ 4,91, aumento de 16% em apenas 30 dias de março.

Na Argentina, principal fornecedor de trigo ao Brasil, as perdas no rendimento da safra também havia ocorrido, limitando a oferta de trigo ao Brasil.

Mediante aos fatos, o mercado de farelo de trigo tinha chances de apresentar ofertas limitadas do subproduto. No entanto, nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina a redução na produção de milho, aumentou a demanda pelo derivado logo no início do ano.

No período das colheitas de arroz e soja, durante os meses de fevereiro a meados de março, parte dos clientes direcionam as compras ao farelo de arroz e a casquinha de soja, utilizados na composição da alimentação animal, e que são ofertados no mercado a preços inferiores aos do derivado de trigo. As cotações elevadas do milho, também colaboraram para a substituição desses subprodutos, com custo benefício melhor na nutrição animal, dificultando a colocação de preços pelas indústrias moageiras.

Porém, as constantes elevações do dólar ante ao real, propagação do coronavírus no território mundial e o aumento da cotação das commodities agrícolas no mercado interno e externo, exigiram a necessidade de acréscimos nos valores do farelo de trigo, se fez imprescindível cada vez mais, de forma a aproximar a paridade de custo da matéria-prima com os preços dos derivados.

A partir do mês de abril os moinhos iniciaram os aumentos de forma gradual, semana após semana houveram reajustes em todas as regiões acompanhadas pela AF News Agrícola. A demanda se manteve em alta, sustentando os incrementos, já que havia oferta limitada do derivado e as processadoras de trigo davam preferência a clientes fidelizados, elevando a rotatividade de clientes à procura do farelo.

Ainda em relação aos preços, a movimentação de alta durou até final de novembro, quando as margens do milho caíram. Em contrapartida, para evitar o cancelamento de contratos, o setor estabilizou os preços do farelo, para que assim, as indústrias de ração permanecessem buscando realizar a compra do derivado, ao invés de substituir o produto pelo milho, uma vez que na conversão alimentar, o farelo é rico em fibras, mas o milho ganha no valor energético.

Este ano que está chegando ao fim, alavancou positivamente os índices do derivado de trigo, as máximas foram históricas, e possivelmente não retornem a patamares de 2019. Há grandes chances de que o no próximo ano, passa haver ajustes próximo as colheitas de milho, soja e arroz, com a expectativa de recuo nos preços, todavia, tudo dependerá do clima para o desenvolvimento das culturas a campo, fator este que define diretamente a produção dos grãos.

Cotação do Farelo de Trigo

O primeiro trimestre expressou boas negociações para as processadoras de trigo, tanto para a farinha como para o farelo, que frente a pandemia do Coronavírus, conseguiram reajustar os índices enquanto os consumidores estocavam produtos empacotados em seus domicílios.

No mesmo momento, as commodities agrícolas subiram consideravelmente nos indicadores e o farelo de trigo a granel, era o produto mais viável economicamente, mesmo registrando acréscimos que chegaram a 9% em seis meses em determinadas regiões, e a 69,8% na comparação a junho do ano passado. O valor a granel do subproduto encerrou os primeiros seis meses acima de R$ 620,00, em todas praças.

Já no segundo semestre, a farinha de trigo começou a ter recuos nas negociações, por impasses criados na precificação entre a ponta compradora e os moinhos, e a saída para as indústrias de trigo que não disponibilizavam de grande espaço para estoque, foi de reduzir a moagem, refletindo na disponibilidade de farelo. Para atender a todos os clientes fidelizados, o setor do farelo começou a restringir a quantidade de compra para cada cliente.

No entanto, quando havia disponibilidade de produto, as vendas spot chegavam a ser comercializadas em preços superiores ao milho, na média de R$ 1400,00/ton FOB granel no Rio Grande do Sul. Porém, no RS houve quebra na safra de milho que diminuiu a oferta drasticamente, e as novas previsões climáticas para o desenvolvimento da safra de verão também não eram otimistas.

Relatos a partir de outubro sobre comercializações extras e valores acima de R$ 1200,00/ton FOB granel, ficaram rotineiras em todas as regiões acompanhadas pela AF News Agrícola, frente a escassez do farelo de trigo e uma demanda aquecida.

Nos contratos, as médias de preços continuaram a subir, atingindo em dezembro o índice de R$ 1000,00/ton FOB a granel em todas as praças. Na variação anual a elevação de preço chegou a 101% em Porto Alegre, RS a maior entre as regiões. Nas demais localidades os reajustes ficaram entre 79% a 99% no granel FOB. E os valores do granel FOB, na região oeste do Paraná e no oeste de Santa Catarina, ficaram em R$ 1.050,00/ton nas últimas semanas do ano. Margens que foram mantidas por duas semanas, já que a saca do milho e sorgo apresentou recuo.

O fator do custo do trigo também sustentou os preços do farelo de trigo em patamares históricos, e os acréscimos constantes auxiliaram os moinhos financeiramente. As moageiras que não viam grande perspectivas financeiras no farelo de trigo, poderão ter mudado o ponto de vista, já que os reajustes da farinha não foram conquistados na mesma velocidade que o farelo, ficando superiores em relação a paridade com a matéria-prima.


Fonte: AFNews

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