As dúvidas sobre a safra do Rio Grande do Sul e Argentina, elevam as margens do cereal aumentando o custo de reposição para os moinhos. A demanda baixa faz com que indústrias moageiras tracem diferentes estratégias para comercializar o produto. No entanto, passam uma visão distorcidas do mercado da farinha. Confira:
O preço do trigo chegou a estar em algumas regiões 66% acima dos índices praticados a um ano atrás. O cenário já estava ruim com a quebra de safra do ano passado, e com a chegada da pandemia de Covid-19 no mundo, a valorizações do cereal só aumentou juntamente com a demanda por alimentos. O dólar também contribui para a alavancada dos índices do trigo, e subiu sua cotação 34% ante o real em um ano, dificultando ainda mais para as indústrias moageiras a aquisição de trigo externo.
As processadoras de trigo já vinham com estoques reduzidos, e esperavam a entrada da safra para reajustes de valores da matéria-prima, que aumentaria a paridade entre custo de produção e preços dos derivados de trigo.
No entanto isso não ocorreu, e frente a todo o quadro a demanda por farinha ainda caiu, atrapalhando a situação do setor que tem a necessidade de reajustar o preço na farinha.
Mesmo com produção menor, o mercado se encontra com restrição nas negociações, nesse período há mais fornecimento de trigo, porém, produtores evitam vendas de grandes lotes e seguram os valores elevados em plena colheita do grão, e compradores acostumados com queda de índices na safra pressionam por redução.
Neste momento de safra diversos moinhos menores começam a produzir farinha, assim aumentando a competividade. E também foi apresentado casos que alguns moinhos presentes no mercado, utilizaram de estratégias de redução das margens para escoar suas produções e receber matéria prima da safra nova, causando divergência no mercado da farinha.
Agentes consultados pela equipe AF News relatam, que há casos de a ponta compradora estar buscando negociações a longo prazo com preços fixos, para garantir melhores condições de comercialização.
Todavia, a efetivação destes contratos poderá prejudicar os moinhos já que o custo de reposição é em patamares altos, e com previsões de aumentos ao longo dos meses dada a quebra de safra da nacional e da Argentina, nosso principal fornecedor de trigo.
FUNDAMENTOS DE FORMAÇÃO DE PREÇOS
– Cotação do dólar operou em queda durante os dias 03 a 09 de novembro, de R$ 5,76/US$ a R$ 5,39/US$ no fechamento de ontem.
– Farelo de Trigo: Acompanhando os índices da matéria-prima, setor dos derivados reajusta os preços. Próximo balanço AF News de Farelos de Trigo será divulgado no dia 12/11 (quinta-feira).
– Preços de importação do trigo argentino 12% de proteína safra atual (nov/20) cotado R$ 1672,94/ton, R$ 41,28/ton mais caro que a semana anterior, posto em Santos-SP (trigo + frete marítimo + descarga + seguro) considerando o dólar médio da semana em R$ 5,55. Na referência do trigo americano (hard) embarque em nov/20 na média a R$ 2012,92 /ton (- R$ 38,93/ton na semana).
– Line Up exportação de trigo desta semana. Entre os dias 04 a 10 de novembro, estão programados o envio de 27,5 mil toneladas de trigo para o exterior, sendo que destas todas têm destino ao Brasil. O volume que o país irá receber é menor maior que o divulgado na semana passada. Todo o volume destinado ao país é pertencente à Bunge.
– No mercado de trigo os preços de vendas de trigo de pH 78. No Paraná, a tonelada está sendo vendida no preço médio de R$ 1.540,00 /ton FOB. No Rio Grande do Sul, preços são de R$ 1.500,00 /ton FOB.
Fonte: AFNews