Após ter registrado um forte aumento, chegando ao ápice de R$ 5,42 no dia 18 do mês de agosto, o dólar voltou a cair nos últimos dias, sinalizando uma desvalorização de 3,58% somente na última semana. Isso refletiu num pequeno recuo nos preços do trigo, mas não atingiu em nenhum momento as cotações das farinhas, que pelo contrário, necessitam de novos aumentos nos preços diante do alto custo de produção
Os preços do trigo recuaram no Brasil nos últimos dias, diante da forte queda do dólar que sofreu desvalorização de 3,58% somente na última semana, passando de R$ 5,382 na segunda (23) para R$ 5,189 no encerramento do dia 30 de agosto. Diante da baixa da moeda americana, os preços do trigo importando tiveram redução na paridade, pressionando os indicadores do cereal doméstico.
Ainda assim, a cotação do trigo nacional continua em elevados patamares e observando os valores do cereal importado, nota-se uma valorização ainda maior, já que o cenário de incertezas que paira sobre a reserva de suprimentos globais, se agravou ainda mais com a quebra da safra de trigo da Rússia, Canadá, EUA e alguns países da União Europeia.
Por aqui, ainda não se sabe qual número de fato irá alcançar a produção de trigo brasileiro e também do país vizinho, da Argentina, já que a situação sobre as condições climáticas é semelhante: a falta de chuvas, que pode acarretar perdas na produtividade. Além disso, geadas tardias não estão descartadas, o que poderia diminuir o rendimento ainda mais de algumas lavouras que já foram comprometidas pela frente fria ocorrida em julho.
Enquanto isso, os compradores continuam pressionando os moinhos por preços mais baixos, justificando a queda na matéria-prima e baixa do dólar. Isso é algo quase improvável, diga-se de passagem, uma vez que os estoques de trigo que os moinhos possuem, foram adquiridos num período em que o dólar ultrapassava os R$ 5,50 há alguns meses atrás. Além disso, o custo de produção da farinha não subiu apenas pela forte alta do trigo, mas também pelo aumento dos custos logísticos, com fretes e embalagens mais elevados, tarifa de luz mais alta e por aí vai.
Diante disso, as margens dos moinhos de trigo estão bastante enxutas e se comparado a alta da matéria-prima, os custos da farinha e derivados estão bem defasados analisando o contexto de proporcionalidade de aumentos. Logo, mesmo com uma queda no dólar que veio há dias, não é possível exigir um baixa nos produtos a base de trigo de uma forma tão repentina.
Isso na verdade, acaba por atrapalhar os negócios nesta época, uma vez que os compradores solicitam cotações de pedidos de uma forma mais especulativa, do que para realizar das aquisições.
Enquanto isso, o setor da indústria segue relatando complexidade nas operações, com a demanda ainda retraída. A esperança é que com o início da colheita, os preços do trigo realmente consigam ser oferecidos com preços mais baixos, reduzindo o custo médio dos estoques. Daí sim há uma provável chance dos preços das farinhas recuarem e a roda começar a girar novamente, com os compradores aumentando a demanda pelos derivados de trigo.
FUNDAMENTOS DE FORMAÇÃO DE PREÇOS
– Dólar em queda na semana de 23 a 30/08 fechando com -3,58% passando de R$ 5,382/US$ para R$ 5,189/US$.
– Farelo de Trigo: procura por farelo continua aquecida, mas preços parecem estar chegando aos seus limites.
– No mercado de lotes, o trigo do Estado do Paraná manteve os mesmos índices, com negócios entre R$ 1600 a 1650/ton FOB. No Rio Grande do Sul, preços na média de R$ 1540/ton FOB.
– Preço de importação do trigo argentino 12,0% de proteína safra atual (ago/21) cotado em queda com variação de -1,01% na semana, agora a R$ 1.735/ton posto em Santos-SP (trigo + frete marítimo + descarga + seguro) considerando o dólar médio da semana em R$ 5,26. Na referência do trigo americano (hard) embarque em ago/21 em alta, cotado na média de R$ 2.186/ton (-1,79% na semana).
– Na quarta-feira (24) a Agência Marítima NABSA divulgou o Line Up de exportação de trigo dos próximos dias. Entre os dias 26 de agosto a 13 de setembro, estão programados o envio de 319,5 mil toneladas de trigo para o exterior com redução de 2,75% em comparação com o volume programado na semana anterior. Destas 199,7 mil tons tem destino ao Brasil sem alteração ante a semana passada. O volume destinado vai para ACA, Dias Branco e OMHSA (30,0 mil tons cada), ADM Agro (29,7 mil tons) e Bunge (25,0 mil tons).
Fonte: AF News