O mercado doméstico da farinha, que nos primeiros meses da pandemia de Covid-19 conquistou repasses nos preços, auxiliando nos custos com a matéria-prima. Agora estuda com cautela o cenário atual de safra, para não reduzir drasticamente as margens dos moinhos na reta final do ano
Historicamente durante a colheita do trigo o aumento da oferta, reduz os preços. No entanto, neste ano diferente, o comportamento das cotações dos cereais foram ao contrário, observou-se aumento no milho durante a colheita da safrinha, alta da soja enquanto está acontecendo a retirada da oleaginosa no exterior e valorização do trigo, enquanto o grão é colhido no Brasil.
A demanda por alimentos aumentou consideravelmente com a pandemia de Coronavírus instalada no mundo, todos os países buscaram garantir a segurança alimentar e fomentaram as vendas antecipadas. No caso do trigo, além da procura ter aumentado, as condições climáticas impossibilitaram melhores produções, reduzindo a oferta mundial.
No Brasil, a combinação de geada com seca prolongada prejudicou o cultivo no Paraná e Rio Grande do Sul. E a junção destes fatores sustentam as cotações da matéria-prima em elevação no país, que já apresenta colheita em reta final no Paraná com 90% das lavouras retiradas dos campos, conforme o Departamento de Economia Rural (DERAL) divulgou hoje (27).
O setor moageiro, demonstrava estar com acervos no limite, e programavam a moagem conforme as vendas e estoques, na tentativa de postergar o máximo a necessidade de trigo externo, na espera da atual colheita.
Todavia, os moinhos que esperaram para negociar mais próximo da retirada do trigo, enfrentam agora altos preços de lotes, dificultando as ampliações de margens dos moinhos, frente a uma demanda retraída por farinha de trigo e a forte pressão de comprados para recuo dos preços.
O cenário é incerto a longo prazo, as processadoras de trigo aguardam o próximo mês com a intensidade da colheita do Rio Grande do Sul, para o posicionamento, já que os preços das farinhas necessitam reajustes para acompanhar o grão e a indústria se manter saudável no mercado.
FUNDAMENTOS DE FORMAÇÃO DE PREÇOS
– Cotação do dólar operou estável durante os dias 20 a 26 de outubro, de R$ 5,61/US$ a R$ 5,61/US$ no fechamento de ontem.
– Farelo de Trigo: Disponibilidade reduzida do derivado favorece vendas no spot, e índices se elevam.Próximo balanço AF News de Farelos de Trigo será divulgado no dia 29/10 (quinta-feira).
– Preços de importação do trigo argentino 12% de proteína safra atual (out/20) cotado R$ 1631,66/ton, R$ 7,87/ton mais barato que a semana anterior, posto em Santos-SP (trigo + frete marítimo + descarga + seguro) considerando o dólar médio da semana em R$ 5,59. Na referência do trigo americano (hard) embarque em out/20 na média a R$ 2051,56 /ton (+ R$ 96,18/ton na semana).
– Line Up de exportação de trigo desta semana. Entre os dias 22 a 27 de outubro, está programado o envio de 30,0 mil toneladas de trigo para o exterior, sendo que destas todas têm destino ao Brasil. O volume que o país irá receber é exatamente o mesmo que o divulgado na semana passada. Os principais destinos são desconhecidos.
– No mercado de trigo os preços de vendas de trigo de pH 78. No Paraná, a tonelada está sendo vendida no preço médio de R$ 1.380,00 /ton FOB. No Rio Grande do Sul, preços são de R$ 1.300,00 /ton FOB.
Fonte: AFNews
