O mercado dos derivados de trigo ainda continua operando com cautela, mediante a baixa demanda por farinha de trigo
A venda de farinha de trigo continua sinalizando uma demanda estável desde o começo do ano, influenciada principalmente pela pandemia da Covid-19, que desde a sua chegada ao Brasil, exigiu medidas restritivas de combate, como o fechamento de bares, restaurantes e escolas, ou seja, estabelecimentos com grande potencial consumidor dos derivados de trigo.
Com isso, a compra de farinha de trigo pelo setor do varejo está bem abaixo ao que era notado em anos anterior e com isso, o repasse de preços nas farinhas se encontra com dificuldade.
Segundo os agentes consultados pela AF News Agrícola, o mês de março apresentou piora nas margens, já que as tabelas vigentes apresentaram um leve reajuste, mas comparado a alta da matéria-prima, o resultado líquido das receitas está ficando cada vez mais enxuto.
Um proprietário de um moinho de grande parte no Oeste do Paraná, disse que não é de se espantar ao ouvir relatos de concorrentes que estão fechando com a margem beirando a zero. “Alguns moinhos estão trabalhando praticamente sem margem, apenas rodando para evitar de parar as máquinas muitas vezes. Ou com uma moagem baixa somente para cumprimento de contratos mais antigos”.
Apesar do mercado dos derivados de trigo estar se mostrando com uma demanda desaquecida, não significa que as compras não estão entrando, porém, com a grande crise econômica que o país está passando, os agentes estão cautelosos em relação a abertura de novos clientes, com receio de inadimplência. “Já é difícil trabalhar com preços da matéria-prima tão altos e menor demanda por farinha e farelo, ter que lidar com inadimplência, ainda, seria algo que gostaríamos de evitar ao máximo”.
Com relação às compras, para a maioria dos moinhos entrevistados, as aquisições estão ocorrendo de maneira pontual. Já que não há necessidade de manter grandes estoques nos armazéns, se a moagem está reduzida.
Os compradores declararam que estão evitando adquirir grandes volumes de trigo, já que o produtor continua restringindo as ofertas, acreditando que logo, logo a saca chegará ao patamar de R$ 100. “As ofertas que estão chegando por aqui, não saem por menos de R$ 1600/1700/ton, está muito difícil lidar com o produtor, que continua sentado em cima do saco”, relatou um moinho da região de Cascavel-PR.
Sendo assim, a saída ainda continua controlar os custos, as reposições, assim como manter a moagem em capacidade reduzida, de modo a não fazer grandes estoques de matéria-prima.
O mercado dos derivados de trigo, acredita que uma melhora efetiva na demanda só virá a partir do momento que a vacinação já tiver atingido grande parte da população brasileira, pois assim, as medidas restritivas ficarão mais brandas, melhorando a procura pelas farinhas.
FUNDAMENTOS DE FORMAÇÃO DE PREÇOS
– Dólar em ALTA na semana de 29/03 a 05/04 fechando com -1,5% passando de R$ 5,7663/US$ para R$ 5,6798/US$.
– Farelo de Trigo: mês de março finaliza com recuo nos preços e moinhos cautelosos. Próximo balanço AF News de Farelo de Trigo será divulgado no dia 08/04 (quinta-feira).
– No mercado de lotes no trigo do Estado do Paraná estabilidade nos preços, com negócios entre R$ 1500-1600/ton FOB. No Rio Grande do Sul, preços na média de R$1480/ton FOB.
– Preço de importação do trigo argentino 12,0% de proteína safra atual (mar/21) cotado em queda de 0,59% na semana, agora a R$ 1.736/ton posto em Santos-SP (trigo + frete marítimo + descarga + seguro) considerando o dólar médio da semana em R$ 5,71. Na referência do trigo americano (hard) embarque em mar/21 em queda, cotado na média de R$ 1.931/ton (-1,57% na semana).
– A Agência Marítima NABSA divulgou o Line Up de exportação de trigo dos próximos dias. Entre os dias 30 de março a 06 de abril, estão programados o envio de 507,94 mil toneladas de trigo para o exterior com aumento de 3,41% em comparação com o volume programado na semana anterior. Destas 209,29 mil tons tem destino ao Brasil com incremento de 42,72% em uma semana. O volume destinado vai para Bunge (60,18 mil tons), OMHSA (31,61 mil tons) e ADM Agro (30,0 mil tons).
Fonte: AF News