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Trigo Balanço Semanal: cotações encerram a semana em alta no Brasil e mercado externo



A cotação do trigo chega a mais um final de semana registrando elevação nos preços tanto no Brasil, como no exterior. O preço do cereal doméstico subiu dadas as circunstâncias dos eventos climáticos de frio e geadas, que danificaram algumas lavouras de trigo mais adiantadas no Estado do Paraná. Na Argentina, acordo com a BCR, o país sinalizou queda de 7% nas qualificações da safra em andamento, em função da falta de chuvas e altas temperaturas no norte e centro-oeste do país e de geadas ocorridas no sul. Na Rússia, o encolhimento da safra que está sendo colhida também movimentou o mercado

Trigo Brasil

cotação do trigo brasileiro encerra a semana registrando aumentos entre 0,19% a 3,23% na região Sul do país, que detém mais de 90% da produção de trigo nacional. A alta nos preços foram auxiliadas pelos danos que as últimas geadas causaram, principalmente nas lavouras de trigo do Paraná, quais estavam em estágios mais avançados de desenvolvimento.

Em levantamento semanal, realizado pelo Departamento de Economia Rural do Paraná, 27% das lavouras estavam sensíveis a danos nos dias que ocorreu a última frente fria e por isso, observou-se queda nas qualificações das plantas durante a semana.

Deste modo, houve uma queda de 26% nas classificações das lavouras boas ou excelentes no intervalo de uma semana. Saindo de 90% no dia 28 de julho para 64% no dia 02 de agosto. Outros 28% dos hectares seguem em situação regular e 8% estão em ruins ou péssimas condições.

Nas fases de desenvolvimento, o Deral informou que 2% está em fase de frutificação, 40% segue em floração e 58% ainda se encontra em desenvolvimento vegetativo.

Todo esse cenário, acabou valorizando ainda mais os preços do trigo, que voltou a operar acima dos R$ 1600 por tonelada no indicador Cepea/PR, valendo R$ 1.607/ton na quinta (05), resultando num aumento de 3,06% comparado ao fechamento do mês de julho.

No Rio Grande do Sul, o Cepea registrou que os preços estão na faixa de R$ 1.525/ton com incremento de 0,44% ante  o valor praticado no dia 30 de julho.

De acordo com a Emater-RS, em seu mais novo boletim semanal sobre a cultura do trigo, as lavouras em fase de floração tiveram um avanço de 2% no desenvolvimento durante a última semana, chegando a 4% das áreas estimadas, no ano passado este número era de 6% nesta mesma época. Já 96% das áreas continuam em estágio de desenvolvimento vegetativo.

Segundo a Emater-RS a semana encerrada no dia 30/07 havia iniciado com chuvas na maior parte das regiões do Estado, seguidas por forte onda de frio que derrubou as temperaturas e provocou geada em vários dias consecutivos. Em algumas localidades, ocorreu neve em 28/07. Em geral, nas lavouras em desenvolvimento vegetativo não houve maiores impactos, em virtude de as plantas serem tolerantes às baixas temperaturas. Com o retorno da umidade dos solos, os produtores deram continuidade aos tratos culturais.

Embora ainda não seja possível mensurar com precisão os estragos das geadas sobre as lavouras, as incertezas perante aos danos que as baixas temperaturas fizeram nas áreas de trigo do Paraná, Santa Catarina e São Paulo, podem levar a Conab revisar seus números da safra brasileira 2021 na próxima semana, diante da divulgação do seu mais recente relatório da produção de grãos.

Segundo dados de julho da Conab, a área com trigo em 2021 deveria crescer 12,3% frente à anterior, atingindo 2,62 milhões de hectares – a maior desde 2014. Nas previsões de julho, a produtividade estava estimada para ser recorde, em 3,23 t/ha, sendo 21,1% acima da registrada em 2020. Se os números se confirmarem, a produção nacional poderia chegar ao recorde de 8,48 milhões de toneladas, expressivo aumento de 36% em comparação com a safra anterior.

Com isso, foi prevista queda na importação do cereal entre agosto/21 e julho/22, para 6 milhões de toneladas, 9,1% a menos que na safra atual (de agosto/20 a julho/21). Mesmo assim, a disponibilidade interna (estoque inicial + produção + importação) seria de 14,6 milhões de toneladas, 11,7% acima da safra anterior e a maior desde 2016.

Ainda falando sobre importação, de acordo com os dados preliminares da Secex, em julho, foram importadas 534,83 mil toneladas de trigo, contra 508,98 mil toneladas em julho/20. Em relação ao preço de importação, a média de julho/21 fechou a US$ 274,0/t FOB origem, 22,15% acima da registrada no mesmo mês de 2020 (de US$ 224,3/t).

Trigo Argentina

Na Argentina, a Bolsa de Cereales indicou que a semeadura do trigo atingiu 99,7% das áreas até 05 de agosto, com avanço de 0,7% em relação a semana anterior e 1,4% mais adiantado que em igual período do ano passado.

A falta de chuvas e as geadas recentemente registradas continuam causando queda nas condições do trigo. Na semana passada, 55% das áreas foram classificadas como boas excelentes e neste novo levantamento, somente 47,6% das lavouras estavam nestas condições. Isso representa uma piora de 7,4% nas qualificações das plantas.

Da mesma forma, as condições hídricas também continuam piorando, passando de 64,9% do trigo nas condições adequadas ou ótimas, contra 56,6% observadas na semana anterior. As regiões correspondentes ao NOA, NEA e Centro-Norte de Córdoba são as que apresentam maior impacto devido à seca.

No entanto, apesar da ausência de chuvas, a incorporação das últimas parcelas no sul da área agrícola nacional mantém seu ritmo, aguardando as previsões do início da próxima semana que facilitam o seu encerramento.

No norte do país, o aumento das temperaturas nas últimas semanas provocou uma maior demanda de umidade pelo cereal, forçando o seu desenvolvimento. Ao mesmo tempo, a irrupção de dias frios causa danos estruturais à lavoura que inicia estágios críticos sem previsão de chuvas para facilitar sua recuperação.

Cenário semelhante ocorre no centro da área agrícola, onde a oscilação entre altas e baixas temperaturas continua afetando, sobretudo, as lavouras localizadas a oeste onde há menos reserva de umidade no perfil do solo. Por outro lado, focos isolados de ácaros e pulgões têm sido relatados, mas com baixa incidência até o momento.

Finalmente, nas províncias de Buenos Aires e La Pampa, continua a implantação dos últimos lotes de trigo com umidade superficial limitada, apostando no cumprimento das previsões para a próxima semana. Ao mesmo tempo, as plantas já implantadas em geral encontram-se em expansão foliar, retardada pelas baixas temperaturas, mas mantendo um bom estado de crescimento.

Mesmo com algumas intempéries interferindo no bom desenvolvimento das áreas de trigo da Argentina, os Dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Pesca da Argentina informa que, na safra de trigo 2021/22, a área será de 6,95 milhões de hectares, alta de 3,7% em comparação à temporada anterior. O país ainda continua mantendo a projeção de colher pelo menos 20 a 20,5 milhões de toneladas de trigo.

Os contratos futuros do cereal do país vizinho também encerram com valores em sua maioria mais altos que na semana anterior, com a Bolsa de Cereales registrando valorização de 0,73% a 2,37% nas entregas de ago/21 a mar/22, com exceção do mês de set/21 que sofreu recuo de 0,73% na semana. As entregas de dez/21 estão cotadas a US$ 251/ton.

Já no mercado físico, a cotação do trigo saiu de US$ 279 na última sexta (30/07) para US$ 283 por tonelada atualmente (06/08), uma alta de 1,43% na variação semanal.

Trigo Mercado Externo

A semana começou com os preços do trigo subindo na Bolsa de Chicago e outras importantes bolsas de valores do mundo, puxados principalmente pela redução na produção de trigo russo.

Na última semana a consultoria IKAR reduziu sua previsão para a safra de trigo de 2021 da Rússia de 83 para 82,2 milhões de toneladas, devido aos rendimentos mais baixos nas regiões centrais do país, que tem sido afetada pelo clima seco nas últimas semanas. A SovEcon ofereceu uma estimativa de produção ainda mais baixa, de 76 milhões de toneladas.

Sendo assim, o menor volume da produção do trigo russo pesou sobre os preços de mercado, que anteriormente estavam sendo negociados em baixa até o término de julho, uma vez que rendimentos melhores do que o esperado foram relatados nas regiões produtoras de trigo do sul da Rússia.

As preocupações com a oferta permanecem na mente dos comerciantes de trigo, já que os rendimentos mais baixos do trigo na América do Norte restringem os estoques globais de trigo de primavera.

Na terça-feira, os agentes seguiram digerindo os últimos dados de progresso da safra do USDA divulgados na tarde de segunda. Antes do boletim, os analistas esperavam que a colheita da safra de trigo de inverno tivesse chegado em 91% até domingo (1), o que de fato se confirmou. Sendo assim, o avanço semanal ficou em 7% e também 5% mais adiantado que a média das últimas cinco safras.

Já o trigo de primavera chegou a 17% das áreas colhidas, contra 3% da semana anterior e 11% da previsão dos analistas, esse foi um dos motivos dos preços demonstrarem queda no dia de ontem. Além disso, os agentes esperavam que somente 8% da safra estivessem classificadas entre boa a excelentes e o Departamento de Agricultura dos EUA reportou que 10% das áreas estão nestas qualificações. Porém, comparado ao mesmo período do ano passado, os EUA tinha 73% das áreas classificadas nestas condições.

Também no começo da semana, o Conselho Internacional de Grãos (IGC) divulgou estimativas reduzidas para a produção global de trigo de 2021/22. A seca persistente nas pradarias canadenses e nas planícies do norte dos Estados Unidos foi o principal fator por trás da redução da previsão mensal. Um relatório de safra do site do governo de Saskatchewan observou que qualquer chuva neste momento não traria efeito sobre a produtividade, mas contribuiria muito para reabastecer os níveis de umidade do solo para o próximo ano.

O IGC espera safras melhores do que as antecipadas da União Europeia, apesar das chuvas prematuras durante as atividades de pico da colheita de trigo no inverno. O IGC agora prevê a produção global de trigo de 2021/22 em 787,9 milhões de toneladas, queda de quase 1 milhão de tons em relação à estimativa do mês anterior.

Na quinta, os contratos futuros do trigo recuaram na CBOT, principalmente depois do USDA reportar que as vendas líquidas do cereal safra 2021/22 entre os dias 23 a 29 de julho caíram 40% em relação a semana anterior, totalizando 308,3 mil toneladas, comparado a média das últimas quatro semanas a queda foi de 28%.

Por outro lado as exportações de trigo ficaram em 387,2 mil toneladas aumentando 12%em relação à semana anterior, mas caindo 1% em relação à média de 4 semanas anteriores.   Os destinos foram principalmente para o México (127.400 t), Filipinas (91.000 t), Coréia do Sul (55.000 t), Japão (30.200 MT) e Chile (21.000 t). 

Nesta sexta, os preços do trigo conseguiram se recuperar depois que questões sobre o potencial de produção nos EUA e no exterior desencadearam uma rodada de compras técnicas que empurrou alguns contratos para mais de 2% no fechamento. Preocupações com a safra na Argentina, previsões de uma safra russa menor em 2021/22 e o lento progresso da colheita, além de problemas de qualidade iminentes na França, fundamentaram a valorização dos índices.

Antes do relatório WASDE de agosto do USDA, que será divulgado na próxima quinta-feira, analistas preveem que a agência mostrará a produção total de trigo dos EUA em 46,89 milhões de toneladas, com uma leve queda ante a contagem de julho da agência de 47,52 milhões de tons. O trigo de inverno responde pela maior parte da produção total, com uma estimativa de 37,09 milhões de toneladas.

Fonte: AF News

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