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Trigo Balanço Semanal: IGC corta previsão para safra global de trigo 2021/22, preços fecham positivos em Chicago



Após a forte queda nos preços do trigo na Bolsa de Chicago na semana passada, os preços apresentaram uma leve recuperação nos últimos dias e chegam a sexta-feira (27) com saldo positivo na Bolsa de Chicago. Entre os motivos que elevaram os preços futuros do trigo, está a redução de 6 milhões de toneladas na produção da safra global 2021/22 pelo Conselho Internacional de Grãos (IGC, na sigla em inglês), que deve ficar agora em 782 milhões de toneladas. Enquanto isso no Brasil, a queda do dólar em 3,5% na semana pressionou a cotação do trigo, que fecha com recuos no mercado doméstico

Trigo Brasil

Apesar de no começo da semana os produtores terem ampliado o valor de suas pedidas para o lote do trigo disponível, no decorrer dos dias, com a desvalorização do dólar, a cotação do cereal demonstrou recuos. O preço da tonelada do trigo FOB no Paraná ficou entre R$ 1600/1650 – enquanto que no Rio Grande do Sul os índices atuaram entre R$ 1500/1530. Na semana passada estes valores estavam entre R$ 20 a R$ 50 a mais por tonelada.

Conforme abordado, o dólar recuou no câmbio brasileiro durante a semana, saindo de R$ 5,38 na sexta (20) para R$ 5,193 por volta das 16h (horário de Brasília) desta sexta-feira (27) – representando uma queda de 3,56% na semana.

Isso também fez com que a paridade de importação tivesse declínio em alguns países fornecedores de trigo importado do Brasil, como é o caso do cereal argentino, que passou de uma média de R$ 1.752/ton na semana passada (preços de importação do trigo para o Porto de Santos-SP), para atuais R$ 1.735/ton hoje (27), uma desvalorização de 1,01% em uma semana. Ainda assim, se observados o preço médio das últimas quatro semanas, a valorização é de 5,4%.

De acordo com alguns relatos, a semana não foi de grandes negócios para o mercado de trigo brasileiro, justamente porque com a queda do dólar, os moinhos se distanciaram, aguardando por mais queda nos preços para os próximos dias. Bem como, os vendedores se afastaram, aguardando uma nova avaliação das lavouras da nova safra, para posicionarem novamente os seus preços.

Com relação as lavouras, de acordo com os relatos do Deral em boletim publicado ontem (24), 2% das áreas chegaram a fase de maturação, 39% seguem em estágio de frutificação, 35% em floração e 24% ainda seguem em desenvolvimento vegetativo.

Nas condições de lavouras, novamente o Departamento reduziu as áreas qualificadas em boas a excelentes condições, saindo de 61% da semana passada para 58% até o dia 23/08. As lavouras consideradas regulares ficaram em 30% e as ruins se mantiveram em 12%.

No boletim conjuntural da Emater-RS divulgado nesta quinta-feira (26), novas avaliações sobre as lavouras de trigo gaúcho foram apresentadas, mencionando que o período entre 16 e 22/08 foi caracterizado por baixa umidade, precipitações isoladas e de baixo acumulado e grande amplitude térmica na maioria das regiões produtoras do Estado.

A semana iniciou com temperaturas mais amenas, que foram se elevando gradativamente até sexta-feira, ultrapassando 30°C, com posterior queda brusca ao entardecer. Em geral, a cultura segue com desenvolvimento lento nas áreas com baixa umidade do solo.

Com relação as fases de desenvolvimento, a Emater-RS disse que 3% das áreas seguem em fase de enchimento de grãos, um atraso de 6% em relação a safra anterior nesta mesma época e 4% atrás da média das últimas cinco safras.

Outras 20% estão em estágio de floração, sendo que no anterior 29% das plantas já haviam chegado nestas condições e 26% na média das últimas cinco safras. Também existem 77% das áreas que ainda seguem em fase de desenvolvimento vegetativo.

Trigo Argentina

Com a desvalorização do trigo em Chicago nos últimos dias, os preços do cereal da Argentina também precisou realizar uma correção, para continuar sendo atrativo no mercado de exportação. Além disso, com o dólar mais forte, os recuos nos índices foram necessários para alguns vencimentos.

Ainda assim, é necessário frisar que os altos patamares operados no trigo atualmente são os maiores em oito anos. Essa ampla valorização nos preços do cereal está ligada aos problemas do aquecimento global, com secas intensas que reduzem a produção e ampliam os preços diante das incertezas sobre a segurança alimentar mundial e seu abastecimento.

Porém, de acordo com a análise de alguns especialistas, é possível que neste ano a Argentina fique fora deste contexto de perdas na produção e que inclusive, possa obter uma safra recorde com base nos 6,5 milhões de hectares que foram lançados ao solo nesta temporada 2021/22.

Nesse contexto, segundo o consultor Pablo Adreani, “a Argentina aparece como o Cisne Negro, com um recorde de produção estimado em 2021-22 de até 23,5 milhões de toneladas e um saldo exportável recorde de 16 milhões de toneladas”.

Por outro lado, fugindo um pouco das estimativas, que parecem estar bem otimistas neste ano, de acordo com o panorama agrícola semanal divulgado pela Bolsa de Cereales ontem (26), na última semana a condição de cultivo das lavouras classificadas entre de boas a excelentes caíram 5,3%. Isto deve-se fundamentalmente à ausência de chuvas em toda a área agrícola nacional, o que continua comprometendo o crescimento e o desenvolvimento do trigo. Até o momento, 21,5% dos 6,5 milhões de hectares implantados passam por estágios de floração, geralmente em condições de déficit hídrico.

Somado a isso, no sul da área agrícola, além do baixo crescimento, há danos por geadas e vento. Nas regiões NOA e NEA, 90% e 83% das plantas plantadas apresentam uma condição de cultivo entre regular e ruim, devido à seca que ambas as áreas estão passando. Além da ausência de previsões, o aumento das temperaturas continua forçando o desenvolvimento do cereal, reduzindo o potencial de rendimento para a colheita.

Acima do centro da área agrícola, a falta de umidade no perfil do solo continua afetando o crescimento das lavouras. Com o aumento das temperaturas, as áreas que até a semana passada eram abastecidas com a umidade remanescente do perfil, começam a apresentar sinais de estresse e atrasos no desenvolvimento. Paralelamente, são relatados surtos de ácaros, pulgões e algumas doenças foliares.

Em direção ao sul da região produtiva, embora as limitações hídricas restrinjam o crescimento da cultura, as baixas temperaturas atenuam a demanda por água. No entanto, ocorreram eventos de geadas e ventos fortes que causaram danos à cultura, piorando seu estado.

Trigo Mercado Externo

Nos EUA a semana começou com os preços mais estáveis, após as fortes perdas da semana anterior. Na segunda, o mercado se apresentou até mais otimista, realizando algumas compras técnicas, perante a melhora dos dados de inspeção de exportação do USDA.

De acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA, as inspeções de exportação de trigo registraram aumentos, passando para 657,85 mil tons entre os dias 12 a 19 de agosto, contra 560,64 mil tons na semana anterior, um incremento de 17,33%. Os dados relatados foram melhores do que todas as estimativas de analistas, que variaram entre 300 a 570 mil tons. A China foi o destino número 1, comprando 170 mil tons. Os totais acumulados para a campanha de comercialização de 2021/22 ainda estão moderadamente abaixo do ritmo do ano passado, com 5,663 milhões de toneladas.

Ainda na segunda, o USDA também divulgou seu mais recente relatório de progresso de safra dos EUA, informando que a colheita do trigo de primavera alcançou 77% das áreas, contra 58% relatadas na semana anterior. Os analistas esperavam que até o último domingo (22), 74% das áreas estivessem colhidas.

Nesta mesma edição do relatório, o USDA deixou de publicar as avaliações de qualificações do cereal norte-americano, levando em conta que a colheita já está chegando a sua fase final.

Já na quinta-feira o USDA também divulgou novos dados sobre as vendas líquidas e exportações de trigo dos EUA, mencionando que no período de 13 a 19 de agosto a comercialização da safra 2021/22 ficou em 116 mil toneladas , uma baixa para o ano de comercialização e queda de 62% em relação a média de quatro semanas.

Por outro lado, exportações de trigo contabilizaram 675,8 mil tons no período, com aumento de 14% em uma semana e 39% a mais que a média de quatro semanas. Os destinos foram principalmente para a China (169.100 t), Filipinas (107.800 t), México (93.300 t), Coreia do Sul (81.400 t) e Japão (63.500 t). 

Também na quinta-feira, o Conselho Internacional de Grãos (IGC, na sigla em inglês) cortou sua previsão para a safra global de trigo 2021/22, refletindo a redução das perspectivas para Rússia, Canadá e Estados Unidos.

Em sua atualização mensal, o órgão intergovernamental reduziu a previsão da safra mundial de trigo de 2021/22 em 6 milhões de toneladas, para 782 milhões de toneladas.

A safra de trigo da Rússia, que foi reduzida pelo clima quente e seco neste verão, foi vista em 75 milhões de toneladas, abaixo da previsão anterior de 81 milhões de toneladas, mas acima da projeção do Departamento de Agricultura dos EUA deste mês de 72,5 milhões de toneladas.

A seca também reduziu a produção na América do Norte, e o IGC reduziu suas previsões de safra de trigo para o Canadá (de 28,5 milhões de toneladas para 24,5 milhões de toneladas) e os Estados Unidos (de 47,5 milhões de toneladas para 46,2 milhões de toneladas).

O impacto foi parcialmente compensado por revisões para cima na Ucrânia (de 29,5 milhões de toneladas para 32 milhões de toneladas) e Austrália (de 28,9 milhões de toneladas para 30,1 milhões de toneladas).

O IGC também manteve sua previsão para a produção global de milho na safra 2021/22 em 1,202 bilhão de toneladas.

Sendo assim, os preços subiram novamente, em virtude dessas perdas na produção global de trigo e isso sugere que os preços permanecerão relativamente fortes no futuro por conta desse cenário incerto com o clima e oferta de suprimentos.

Os contratos do trigo hard chegam ao final da semana com aumentos entre 0,93% a 1,46% nos vencimentos de set/21 a jul/22 – enquanto que o trigo soft apresentou ganhos de 0,47% a 0,60% na variação semanal na Bolsa de Chicago.

Fonte: AF News

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