Com novos recuos na cotação do trigo brasileiro, cereal registrou preços mínimos não vistos desde o mês de outubro. No mercado externo, a redução de 1,23% nos estoques finais mundiais de trigo da safra 2020/21 pelo USDA, acabou alavancando os índices em Chicago que fechou a semana com ganhos
Trigo Brasil
A cotação do trigo fechou a semana novamente com recuo no mercado brasileiro. O baixo volume dos negócios e maior sinalização de oferta do cereal por parte dos produtores, vem desvalorizando o grão nesta reta final do ano.
Com o dólar em baixa diante dos altos patamares registrados em boa parte do ano, a paridade de importação está menor em relação aos principais fornecedores de trigo ao Brasil, e isso tem aumentado a competitividade com o mercado externo. Hoje (11), por volta do 12h00 a moeda americana valia R$ 5,08. Porém, no dia anterior (10), o câmbio fechou registrando R$ 5,03.
Em levantamento realizado essa semana pela AF News, somente a aquisição do trigo norte-americano tem ficado a um custo maior que o brasileiro e isso reflete em um cenário de cautela, pois os compradores que já realizaram suas compras quando o trigo estava mais caro, agora precisam se desfazer primeiramente dos seus acervos com as vendas dos derivados, para então voltar aos negócios.
Por outro lado, os produtores também estão ofertando o produto com mais facilidade que há alguns dias atrás, justamente com receio de que o dólar caia ainda mais e os preços fiquem ainda mais desvalorizados, como é o caso que vem acontecendo atualmente. Sinal disso, é que os indicadores do trigo caíram na variação semanal, em uma média de 2% para as principais regiões.
Com relação a produção da safra de 2020, segundo a projeção da Conab em sua versão de dezembro, publicada no dia 10, a oferta total da safra deve ficar em 6,183 milhões de toneladas, um aumento de 20% em relação a produção de trigo da safra 2019, que foi de 5,154 milhões de tons.
O Estado do Paraná continua liderando o ranking de maior produtor de trigo do Brasil, tendo colhido 3,045 milhões de toneladas, um aumento de 43% diante do péssimo resultado que obteve no ano passado de 2,129 milhões de tons. A produtividade média este ano ficou em 2.724 kg/hec, um aumento de 31% no comparativo com a safra 2019.
Já o Rio Grande do Sul, que sofreu fortes perdas por conta da seca, deve finalizar com uma produção de 2,260 milhões de tons, com incremento de apenas 2,4% de produção ante a safra passada, que havia ficado em 2,207 milhões de tons. Por outro lado, a produtividade caiu 19% ficando em 2.430 kg/hec. Portanto, o que se concluir é que a produção do RS só foi maior neste ano ante a safra passada, porque a área de plantio aumentou 26,4%.



Trigo Argentina
No mercado de trigo argentino, as cotações tiveram uma semana sem muitas variações. No mercado spot os indicadores recuaram 0,76% na variação semanal, ficando cotado a US$ 261,00/ton (FOB).
Na Bolsa de Rosário, as entregas futuras de mar/21 se mantiveram valendo os US$ 257,00/ton preço que já era praticado na semana anterior.
Já na Bolsa de Cereales, os vencimentos de mar/21 fecharam valendo US$ 261,00/ton, com queda de 0,38% na semana. Ainda assim, o índice observado é maior que na BCR.
Segundo o panorama agrícola semanal da Bolsa de Cereales divulgado nesta quinta (10), acolheita de trigo da Argentina atingiu 53,5% na semana, registrando um atraso na atividade de 7,8% ante igual período do ano anterior.
Em 54% das áreas as condições se encontram normais, com as condições hídricas adequadas predominando em 52,7% do que ainda resta para ser colhido.
A ausência de precipitações, somadas as temperaturas elevadas, deve corresponder a uma aceleração da colheita e última fase de cultivo do trigo, já que 84,7% das áreas que estão no campo, estão na fase de maturação.
De acordo com a Agência Marítima NABSA, em Line Up de exportação divulgado no dia 09, entre o período de 10 a 29 de dezembro, estão programados o envio de 1,048 milhão de toneladas de trigo ao exterior, com aumento de 0,12% em relação ao registrado na semana passada. Destas, 331,076 mil tons tem destino ao Brasil, queda de 5,9% ante a semana passada. O volume destinado vai para Glencore/COFCO (33,0 mil tons), Agrograin/Anaconda/Farmsense/Macedo (30,0 mil tons) e Bunge (27,0 mil tons).
Com o volume a ser entregue nos próximos dias, somado ao que já foi registrado desde o início do mês, os portos argentinos contabilizam uma movimentação de trigo acima de 2 milhões de toneladas em pouco menos de trinta dias.

Trigo Mercado Externo
Nos EUA, a Bolsa de Chicago iniciou a semana com os negócios lentos, porque os traders já estavam de olho na divulgação do último relatório de oferta e demanda do USDA do ano de 2020, que ocorreu nesta quinta (10). Desta forma, as cotações dos contratos futuros operaram com baixa liquidez e registrando indicadores levemente negativos por conta do encerramento de posições dos acionistas em boa parte da semana.
No entanto, com a divulgação do relatório WASDE ontem (10), reduzindo em 1,23% os estoques finais mundiais do trigo para a safra 2020/21, os índices apresentaram uma boa recuperação, fechando a semana com valores positivos.
A cotação do trigo hard subiu entre 1,82% a 3,26% na variação semanal nos vencimentos de dez/20 a set/21. Já os futuros do trigo soft tiveram aumentos entre 1,10% a 3,24% para os mesmos prazos de entrega.
De acordo com o Departamento de Agricultura dos EUA, a safra de trigo 2019/20 sofreu redução em suas previsões de produção em 0,06% ficando em 764,5 milhões de tons. Isso reduziu o total ofertado de trigo em âmbito mundial, mas que foi suprido pela redução das vendas e exportação. Ainda havendo queda na demanda da safra passada, os estoques finais acabaram tendo ajuste de 0,05% negativo, ficando em atuais 300,62 milhões de trigo para o final de dezembro.
Com relação a safra 2020/21, o WASDE estimou aumento de 0,17% na produção do cereal, ficando em 773,66 milhões de toneladas, que somados aos estoques iniciais contabilizam agora 1,074 bilhão de toneladas. Houve aumento em 1,5% nas vendas/exportações de trigo, resultando em um aumento de 0,68% na demanda mundial que ficou em 757,78 milhões. Isso resultou na queda de 1,23% nos estoques finais do cereal, que agora estão posicionados em 316,5 milhões de tons.
Os países que mais movimentaram esses novos indicadores do USDA, foram EUA, Canadá e Rússia, que tiveram aumento em suas exportações. Por outro lado, a Austrália, mesmo apresentando aumento no volume exportável de trigo, também contabilizou incrementos nos estoques iniciais e produção do cereal, finalizando com um aumento de 12% em seus estoques finais.



Fonte: AFNews