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Trigo Balanço Semanal: preços sobem forte na semana após redução da produção global de trigo para 2021/22



A cotação do trigo encerra a semana com alta acima de 5% no trigo hard e valorização de 6% a mais em alguns vencimentos do trigo soft na Bolsa de Chicago. Os preços subiram de forma generalizada na reta final da semana, após o USDA reduzir a produção global do cereal para a temporada 2021/22, depois de uma forte quebra na safra de trigo da Rússia, Canadá, Estados Unidos e União Europeia. No Brasil, as perdas no trigo pelas geadas e alta do dólar auxiliaram ainda mais a elevação dos preços

Trigo Brasil

cotação do trigo brasileiro chega a mais um final de semana registrando valorização nos preços ou pelo menos, mantendo os patamares bem próximos que a semana anterior.

No Paraná, o preço da saca de trigo de 60 kg paga ao produtor FOB fechou o dia 13/08 em R$ 88,04 praticamente estável ante os R$ 88,02/saca da sexta-feira anterior.

Em Santa Catarina os índices subiram 0,88% passando de R$ 84,04/saca no dia 06 para atuais R$ 84,78/saca.

No Rio Grande do Sul os aumentos foram de 0,21% na semana com o trigo cotado em R$ 81,08/saca.

A valorização do grão esteve atrelada a maior atividade de compradoras em algumas regiões, aumento na cotação do dólar e valorização do cereal no mercado externo. Além disso, os moinhos demonstraram maior atividade na moagem de farinha em razão de um discreto aquecimento na demanda por parte da indústria.

A analise semanal do Deral divulgada na tarde desta quinta (12), relatou que os órgãos federais divulgaram atualizações sobre a safra nacional nesta semana, incluindo a perspectiva para o trigo. Ambas instituições, IBGE e Conab, não fizeram alterações relevantes na expectativa de produção paranaense do cereal, apesar dos relatos cada vez mais frequentes sobre efeitos de geadas. Isto acontece porque ainda é muito difícil dimensionar as perdas de produtividade, apesar de ser claro que a produção será prejudicada em virtude dos danos encontrados, como branqueamento de espigas ou formação incompleta dos cachos.

Segundo o relatório do Deral sobre condições e fases de lavoura, apenas 9% das áreas cultivadas começaram o enchimento de grãos (frutificação), expondo com clareza esses danos. Porém, é necessário que todas lavouras em fase suscetível atingidas pelas geadas (mais de um terço da área do estado) cheguem a esse estágio para um melhor dimensionamento, o que deverá acontecer próximo à atualização de safra mensal, em 26 de agosto.

Portanto, mesmo dez dias após as geadas, Conab e IBGE preferiram aguardar os números a serem fornecidos por este departamento, em vez de se precipitar fazendo um levantamento extemporâneo de menor qualidade. Lembramos que os dados de ambos levantamentos federais são referentes a julho, apesar de divulgados agora. Por fim, são aguardadas duas frentes frias até o dia 26, que devem trazer umidade sem frio excessivo, e devem ajudar na mensuração do potencial de safra após sua passagem.

No Rio Grande do Sul, também no dia de ontem (12) a Emater-RS divulgou o seu boletim conjuntural de acompanhamento de safra, relatando que a semana passada se caracterizou pelo predomínio de tempo seco, e a partir de 04/08 houve elevação das temperaturas. Foram registradas geadas de baixa intensidade em algumas regiões, principalmente nas áreas mais baixas. Em geral, a umidade dos solos está abaixo da ideal para o bom desenvolvimento da cultura do trigo e dificulta a realização de tratos culturais.

De acordo com o Departamento, até o dia 12 de agosto 6% das áreas de trigo gaúcho estão em fase de floração, com avanço de 2% em uma semana, mas com atraso de 4% em relação a safra passada e 3% atrás da média das última cinco safras. 94% das lavouras ainda segue em fase de desenvolvimento vegetativo.

Trigo Argentina

A última versão do Panorama Agrícola Semanal da Bolsa de Cereales de Rosário divulgado ao final de quinta-feira (12), relatou que a semeadura do trigo da Argentina encerrou esta semana com a incorporação de 6,5 milhões de hectares em nível nacional, igual ao que foi implementado na campanha 2020/21.

Após a implantação de pouco menos de 20.000 hectares, o plantio culminou nos últimos dias com a implantação dos últimos lotes no centro e sul da província de Buenos Aires.

“As chuvas acumuladas no último fim de semana permitiram a implantação das demais áreas de trigo, além de favorecer o surgimento de parcelas recém-incorporadas, retardadas por baixas temperaturas e falta de umidade nos solos”, disse a entidade da bolsa.

Embora a área permaneça inalterada, segundo o BCBA, é esperada uma produção de 19 milhões de toneladas, o que se concretizada significaria um aumento em relação à safra anterior de dois milhões de toneladas.

Apesar das chuvas que permitiram restaurar a umidade dos solos e assim completar o trabalho de plantio, “no norte do país o déficit hídrico está se aprofundando, afetando o desenvolvimento das lavouras mais avançadas”, alertou o BCBA.

Nas regiões NOA e NEA, a condição de cultivo entre regular e ruim ultrapassou 50% da área implantada.

“Mais de 40% do cereal passa pelos estágios da colheita à floração, em condições de seca, com plantas com pouco perfilhamento e baixo crescimento. Diante dessa situação, relata-se a possibilidade de resignação das praças mais comprometidas, alocando-as apenas para cobertura”, indicou o relatório.

Paralelamente, na província de Córdoba, o efeito combinado das geadas e da falta de chuva “continua atrasando o desenvolvimento das parcelas e reduzindo o perfilhamento, impactando negativamente no potencial do cereal”.

No entanto, nos núcleos norte e sul e no centro-leste de Entre Ríos, os registros recentes de chuvas facilitaram a recuperação após as geadas e ajudaram na incorporação de fertilizantes.

Por sua vez, a Bolsa de Valores de Rosário (BCR) estimou que a semeadura do cereal de inverno chegará a 6,9 milhões de hectares.

Embora com essa área a entidade pudesse calcular uma produção próxima a 21 milhões de toneladas, devido ao fato de “o cenário de normalidade climática estar se afastando por problemas de falta de água”, a safra projetada continua em 20,1 milhões de toneladas.

“As chuvas da primeira metade do inverno deste ano estão bem abaixo das médias históricas acumuladas dos últimos trinta anos, como aconteceu em 2020”, disse a entidade Rosário.

Nesse sentido, acrescentou: “pela frente faltam mais 10 dias sem chuva à vista, e teme-se que a história do ano passado se repita, ou seja, de um inverno seco e uma primavera que não corresponda à média das chuvas”.

Com relação ao mercado do trigo, observando a tabela de variação de preços semanais, é possível verificar que as cotações apresentaram valorização no período, com aumentos entre 0,74% a 3,15% nas entregas futuras de set/21 a mar/22 da Bolsa de Cereales.

Enquanto isso, o preço do trigo praticado no mercado físico teve oscilações na semana, mas fechou inalterado, custando US$ 283/ton.

Trigo Mercado Externo

Na segunda-feira dessa última semana os preços do trigo sinalizaram recuo na Bolsa de Chicago, pressionados por uma rodada de vendas técnicas parcialmente desencadeadas pela fraqueza dos futuros de energia, já que os traders em sua maioria ignoraram um conjunto melhor do que o esperado de dados de inspeção de exportação do USDA.

Segundo o Departamento de Agricultura dos EUA, s inspeções de exportação de trigo na semana encerrada em 05 de agosto superaram as expectativas da semana anterior, saltando para 605,79 mil toneladas. Os dados foram melhores do que toda a gama de projeções comerciais, que ficaram entre 350 a 530 mil tons. O Japão foi o destino número 1, comprando 130 mil toneladas. Os totais acumulados para a campanha de comercialização de 2021/22 permanecem moderadamente atrás do ritmo do ano passado por enquanto, com 4,396 milhões de toneladas.

Ao final da tarde do primeiro dia útil da semana, o relatório de progresso da safra do USDA também foi divulgado, mencionando que a colheita de trigo de inverno chegou a 95% nos EUA até domingo (08), um aumento de 4% em relação à semana anterior, visto que o progresso do trigo vermelho de inverno em Montana e Idaho terminou cuidadosamente, em virtude das condições de secas que aumentaram o risco de incêndio quando os maquinários passaram sobre os campos.

A colheita de trigo branco continua em processo de finalização no noroeste do Pacífico dos EUA, com progresso de mais de 55% concluído até a última sexta-feira. A seca histórica da região continua apresentando baixos rendimentos, o que provavelmente fará com que mais campos sejam abandonados na próxima semana, conforme a colheita continua.

As condições do trigo de primavera desafiaram as expectativas dos analistas para a semana, subindo de 1% a 11% de bom a excelente para a semana encerrada em 8 de agosto, após chuvas dispersas e temperaturas moderadas forneceram um pequeno alívio para as safras de trigo da primavera remanescentes nos campos nas planícies do norte. As estimativas de comércio fixaram a classificação semanal em 10% de bom a excelente.

Cerca de 38% da safra de trigo da primavera havia sido colhida no domingo, um aumento de 21% em relação à semana anterior e impressionantes 17% a mais do que a média de cinco anos. Os produtores relatam baixos rendimentos após um ciclo de crescimento afetado pela seca, embora os indicadores de qualidade tenham sido melhores do que o esperado devido ao estresse da seca.

No decorrer da semana os agentes de mercado seguiram realizando suas movimentações já com foco na divulgação do relatório WASDE do USDA, que reduziu a oferta global de trigo para a safra 2021/22 devido a quebra na produção do cereal em importantes países produtores, como Rússia, Canadá, EUA e algumas áreas da União Europeia.

De acordo o WASDE em sua versão de agosto/21, a produção global de trigo para 2020/21 foi ajustada para 1,073 bilhão de toneladas com queda de 0,15% em relação ao relatório anterior.

Houve alteração nos dados de demanda, resultando então num estoque final de trigo de 288,83 milhões de toneladas, uma redução de 0,47%.

Já para a safra 2021/22 cujos dados eram mais esperados, a redução na produção de trigo foi bem expressiva. O USDA espera que o volume da nova temporada de cultivo global de trigo fique em 1,065 bilhão de tons com uma queda de 1,56% em relação ao relatório de julho.

Essa nova previsão levou o Departamento a reduzir também os dados de vendas e exportações, assim como a demanda global doméstica para 786,67 milhões de tons. Deste modo os estoques finais globais de trigo ficaram em 279,06 milhões de toneladas, uma diminuição de 4,33%.

Para os EUA a queda na produção foi de 2,82% para atuais 46,18 milhões de toneladas na safra 2021/22. Na Rússia, a mudança foi ainda maior, de 14,71% com a safra caindo de 85 milhões para 72,5 milhões de toneladas. No Canadá, houve a queda de expressivos 23,81% na produção de trigo da temporada 2021/22 para 24 milhões de tons, contra 31 milhões previstos no relatório anterior.

Para o Brasil o USDA também realizou ajustes em suas projeções, diminuindo seus estoques da safra 2020/21 e aumentando as estimativas da produção da safra 2021/22 para 7,5 milhões de toneladas, incremento de 11% ante o relatório passado. Sendo assim, a necessidade de importação diminuiu para 6,5 milhões, mas houve aumento na demanda para 12,6 milhões de tons, logo, os estoques finais ficaram em 810 mil tons.

Como reflexo de todos esses rebaixamentos, uma serie de rodadas de compras técnicas foi observada na Bolsa de Chicago entre quinta e sexta-feira (13), elevando as cotações entre 5% a 7%  nos vencimentos futuros dos trigos soft e hard.

Fonte: AF News

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